terça-feira, 5 de março de 2002

TROFÉU ROUBADO



Certo dia disseram a um grupo de  trabalhadores dedicados que eles poderiam, quando de suas aposentadorias, ter uma qualidade de vida decente, vivendo uma tranqüilidade almejada por todos e por poucos alcançada àquela altura. Não era um sonho, e até muitos não entenderam bem o espírito da coisa.
Passaram-se os anos e tudo parecia correr às mil maravilhas, pois alguns já desfrutavam do prometido, o que era um atestado do que antes lhes havia sido dito. Entusiasmo no trabalho, não faltou; argumentos para tanta euforia eram abundantes; a perspectiva de uma aposentadoria tranqüila e uma qualidade de vida decente, fascinava. Ninguém desconfiava de que “ dia de muito, véspera de pouco” não era apenas um provérbio, mas uma sentença. Não demorou, e o que era esperança, tornou-se desespero, intranqüilidade,  fantasma; tudo mudou e o que era sonho transformou-se em pesadelo; a almejada qualidade de vida decente era apenas uma quimera, uma utopia, talvez.
O pior de tudo isso é saber, é estar consciente, de que em nenhum momento se concorreu para esse estado de coisas. Recebemos, como se diz popularmente, um chute na canela; e que chute !
Aquele grupo de que falamos no início, continua coeso, mas em torno das suas incertezas,  desiludido das promessas que lhe fizeram há vinte e tantos anos atrás. Promessa de qualidade de vida decente tornou-se uma excrescência. O que vai sobrar de tudo isso é a certeza de que o trabalhador é  um herói das batalhas da vida, só que o troféu da vitória lhe é roubado ainda no pódio.