domingo, 21 de abril de 2002

R S V P até . . .



Espero que não esteja muito longe o dia em que faremos um convite para uma grande comemoração. Esse dia será aquele em que festejaremos o final feliz de tudo o que tem acontecido com a nossa Fundação. Festejaremos a concretização das nossas esperanças de tão longos anos. Pois bem! No convite que enviaremos aos nossos colegas aposentados e pensionistas constará no canto inferior direito a sigla RSVP e mais o espaço para a data limite. Por que isso? Porque em toda festa de arromba necessário se faz saber antecipadamente a quantidade de pessoas que comparecerão para que se programe os detalhes do evento. Para quem não sabe, esta sigla que corresponde em francês a  REPONDEZ S´IL VOUS PLAIT  (responda por favor) é usada no ocidente em convites de gente chique; e bota chique nisso. Se você acha que estou parecendo um otimista exagerado,  não se engane; ou acreditamos que as nossas expectativas serão realizadas com final feliz para todos, ou estaremos querendo, de véspera,  a nossa ruína e a das nossas famílias. Vamos acreditar nas pessoas e nas entidades responsáveis pelos nossos destinos e lhes dar um crédito de confiança. Afinal, as nossas expectativas são de que em breve tenhamos novidades; que elas venham, e venham para solucionar em definitivo todas as pendências que nos angustiam pela demora em serem resolvidas. Aguardamos o dia em que seremos convidados para o tão esperado evento. Estamos ansiosos para responder de imediato a esse tal  de RSVP. Que Deus nos ouça.  Somos gratos de véspera.

quinta-feira, 18 de abril de 2002

O TROFÉU ROUBADO




Certo dia disseram a um grupo de  trabalhadores dedicados que eles poderi-am, quando de suas aposentadorias, ter uma qualidade de vida decente, vivendo uma tranqüilidade almejada por todos e por poucos alcançada àquela altura. Não era um sonho, e até muitos não entenderam bem o espírito da coisa.
Passaram-se os anos e tudo parecia correr às mil maravilhas, pois al-guns já desfrutavam do prometido, o que era um atestado do que antes lhes havia sido dito. Entusiasmo no trabalho, não faltou; argumentos para tanta euforia eram abundantes; a perspectiva de uma aposentadoria tranqüila e uma qualidade de vida decente, fascinava. Ninguém desconfiava de que “ dia de muito, véspera de pouco” não era apenas um provérbio, mas uma sentença. Não demorou, e o que era espe-rança, tornou-se desespero, intranqüilidade,  fantasma; tudo mudou e o que era sonho transformou-se em pesadelo; a almejada qualidade de vida decente era ape-nas uma quimera, uma utopia, talvez.
O pior de tudo isso é saber, é estar consciente, de que em nenhum momento se concorreu para esse estado de coisas. Recebemos, como se diz popu-larmente, um chute na canela; e que chute !
Aquele grupo de que falamos no início, continua coeso, mas em torno das suas incertezas,  desiludido das promessas que lhe fizeram há vinte e tantos anos atrás. Promessa de qualidade de vida decente tornou-se uma excrescência. O que vai sobrar de tudo isso é a certeza de que o trabalhador é  um herói das bata-lhas da vida, só que o troféu da vitória lhe é roubado ainda no pódio. 

II  -  Trapos e sarjeta
Estamos todos reféns das especulações das leis e regulamentos e pior, das interpretações. Agora, estamos assistindo  às execuções, não pela forca, mas pelo bolso que, aliás, é a parte mais sensível do corpo humano e , por isso mesmo pior, porque vai matar devagar, devagarinho, como canta o sambista. É triste, muito tris-te, constatar que tudo isso acontece pela incúria e pelas decisões verticais tomadas à revelia dos participantes ludibriados e agora humilhados. Causa-nos vergonha ser tratados como tendo praticado dolo, fraude, emitido declaração falsa, ou outro crime afim, quando na realidade fomos e somos vítimas da vaidade e das manobras que culminaram com tudo o que aí está. 
Defesa, argumentos, não são aceitos. Em nome da lei e de um regulamento capcioso, somos jogados na sarjeta, como trapos, como criaturas que se locupleta-ram da Fundação, como foi dito em carta enviada a grande parte dos nossos cole-gas, enquadrados em processo administrativo instaurado por um dos Interventores na Fundação. Pena que direito adquirido e injustiça signifiquem a mesma coisa nessas horas. Estamos diante de uma herança maldita que fomos levados a julgar ser o horizonte brilhante das nossas vidas. Puro engano. Estamos sendo tratados como lixo, sem direito a reciclagem. Lixo sim, porque estamos sendo condenados ao abandono, às moscas, sem nenhuma consideração por quem tem a obrigação legal de nos proteger. Estamos sendo jogados à própria sorte, sem rumo, sem dire-ção, sem oportunidade de recuperação.
Certa vez, há muitos anos passados, um líder sindical rebatendo as críticas patronais de que a classe que ele representava vivia bem, porque andava de paletó e gravata e morava em apartamento, desabafou: não sabem eles, os patrões,  que a gravata nos enforca e a nosso apartamento é a antecipação do nosso túmulo. Não é diferente a situação para a qual  estão nos empurrando. Com as nossas desculpas pelo humor negro, por pouco, o tal  artigo do Regulamento, o 23, não nos estigmati-zou com a marca do ridículo. Também assim, seria demais.

terça-feira, 2 de abril de 2002

O SINO E A MATRACA



O nosso jornal ANAB é uma tribuna livre. Não é faccioso nem privilegia nenhum dos participantes da Fundação; esforça-se para ser um multiplicador das notícias de interesse geral. Se algum dos nossos tem ponto de vista diferente de alguma matéria publicada,  além de fazer uma corrente telefônica ou de e-mails para externar a sua discordância, manifeste-se também através do nosso jornal que carece da colaboração e da opinião dos seus leitores. Temos uma tribuna onde podemos manifestar o nosso agrado ou desagrado com o que ocorre dentro do nosso grupo, mas não a utilizamos, privando a grande maioria dos nossos colegas de tomar conhecimento e participar da discussão de assuntos que, por certo interessaria a todo o grupo. A discussão fechada é discriminatória porque não atinge  a maioria dos nossos colegas, com o que não  se pode concordar. É evidente que o alcance do sino é maior do que o da matraca (Instrumento de percussão, formado por tabuinhas movediças, ou argolas de ferro, que, ao serem agitadas, percutem a prancheta em que se acham presas e produzem uma série rápida de estalos secos, utilizado nas igrejas, durante a semana santa). É uma pena que isso aconteça porque a divulgação de opiniões, por mais divergentes que sejam concorre para uma melhor compreensão dos nossos problemas. Desde as primeiras edições e ao longo da existência deste nosso jornal, insistimos inúmeras vezes para que os colegas mandassem suas colaborações para publicação. Para falar a verdade, durante todo esse tempo, raríssimos foram os casos de colaboração. Quem nos tem acompanhado nestes sete anos de existência, sabe bem disso. É de conhecimento geral  e notório que estamos vivendo um momento de grande inquietação. Agora, mais do que nunca, faz-se necessário que idéias e opiniões sejam  explicitadas para que se encontre o caminho a seguir nesta encruzilhada em que nos encontramo