sexta-feira, 22 de novembro de 2002

O ANZOL, A ISCA E O PEIXE



O anzol só existe por causa do peixe. Até aí, nada de relevante, se não fosse a isca. O peixe só é fisgado porque acredita que a isca é uma oferta da natureza. Portanto, o peixe é vítima de sua boa fé. Está aí um cenário típico do que acontece nas sociedades ditas civilizadas. E a palavra chave é “acreditar “. Alguém poderá raciocinar que está faltando um personagem nesta peça; e está mesmo, o pescador. O peixe não tem malícia; a isca está na cena de bobeira; o anzol é um instrumento. Pois é!   A malícia é do pescador, o personagem que faltava aqui. O pescador quando planeja sua pescaria, reúne os apetrechos necessários e não pode esquecer nenhum, principalmente a isca; peixe não lambe anzol. Uma conclusão parcial e lógica é que o produto da pescaria é resultado de um ardil. Coitados dos peixes; primeiro, enganam-se com a isca; segundo, não sabem o que é anzol e, por fim, não conhecem as intenções do pescador. Como se depreende, o problema do peixe é que ele sabe que a isca é comestível; o que o peixe não sabe é como aquela isca chegou até ali. Vejam bem, não estou contando aqui história de pescador; estou narrando a saga do peixe. O peixe está sempre fadado a entrar numa fria, exceto quando chega na panela. Apesar de tudo, o peixe tem o seu momento de glória e quase sempre bem longe do pescador a quem deve parte dessa glória. Mas nem tanto.  


sábado, 2 de novembro de 2002

SUPLÍCIO DE UMA SAUDADE




....Mas isso é título de um filme! E é mesmo. E como filme você sempre narra no passado, ao contrário das novelas que têm continuidade, estou lhe escrevendo para tratar de um assunto muito importante para nós todos: a comunicação entre nós mesmos.

Então vamos ao assunto. Lá pelos Idos de março de 1994, em uma reunião da ANAB, mostrei meu descontentamento por não ter sabido do falecimento do nosso saudoso colega Alcir Ramos, batalhador incansável que foi quando da instalação da nossa Fundação. Na ocasião, sugeri que fosse criado um veículo de informação para os associados, para que aposentados e pensionistas estivessem sempre bem informados sobre tudo que acontecesse com a nossa Fundação e conosco mesmos, pois, afinal de contas somos uma família e dessa forma teríamos um elo de ligação.  

O então Presidente da ANAB, Dácio Rossiter, naquela ocasião desafiou-me a assumir o encargo de cuidar do tal veículo de comunicação, o que de pronto aceitei. Confesso que não foi fácil ser, ao mesmo tempo, editor, redator, colaborador, pesquisador e distribuidor desse nosso veículo o “Jornal ANAB”que esteve sob aquela responsabilidade assumida como desafio há sete anos e até a edição de nº 072 (Junho/Julho 2002).

Não aceito a idéia de uma associação de classe com as características da nossa, com associados dispersos em todo o território nacional, sem um veículo informativo impresso, como se todos os seus associados, sem exceção,  tivessem acesso à internet, o que justificaria a ausência de um  jornal ou boletim impresso. Um site bem elaborado supriria todas as necessidades. Sem o jornal, que benefícios a ANAB proporciona aos seus associados, além da oportunidade para alguns de participar de um plano de saúde pago integralmente pelos próprios associados? E os demais?

Uso aqui o mesmo tipo de linguagem das minhas crônicas no Jornal ANAB. O nosso Jornal tem que ser mensal, mesmo que seja impresso apenas com duas páginas (frente e verso), pois, do contrário, melhor não mantê-lo, a menos que se prefira o isolamento individual em torno de um contracheque ansiosamente esperado no final do mês que, em muitos casos, deve proporcionar uma situação de alívio do tipo “chegou mais um”, que bom!

O Jornal ANAB nasceu nos Idos de Março e atualmente sempre de olho  nas Kalendas do mês seguinte, ansiamos por notícias que não chegam. Se antes vivíamos das incertezas informadas mensalmente, alimentando-nos das esperanças das entrelinhas, agora não sabemos sequer se teremos as informações que poderiam vir nas suas páginas. A ausência de notícias funciona como as pichações, chamam à atenção mas não dizem nada.

Peço desculpas aos meus colegas aposentados e pensionistas pelo tom individualista utilizado neste tipo de comunicação. Confesso o meu constrangimento ao lhes escrever sobre este assunto. Sinto-me, entretanto, aliviado pelo cumprimento daquele desafio assumido quando do início do nosso Jornal.

Nesta oportunidade faço questão de levar o meu agradecimento a todos os colegas aposentados e pensionistas pela colaboração, carinho e incentivo que me proporcionaram na feitura mensal do nosso Jornal ANAB. A melhor moeda nestas ocasiões é a sinceridade de propósito e a sensação do dever cumprido. Que Deus ilumine a todos e principalmente as mentes daqueles que decidirão os nossos destinos, na ANAB  e na FUNDAÇÃO.