sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

ALCUNHA



É comum em pequenas cidades do interior e seus distritos municipais, as pessoas serem conhecidas por alcunhas (denominação ou qualificativo, por vezes depreciativo, que se usa em lugar do nome próprio de alguém, ou em acréscimo deste) e não pelo próprio nome. Por exemplo: Mané sacristão, Zefa da tapioca,  Joãozinho da venda, Zeca pitomba, Dedé da pedreira e por aí vai. Aconteceu que em certa encruzilhada rural morava um sujeito de nome Severino, conhecido como Biu, tendo à frente de sua casa um belo coqueiro, por sinal uma árvore rara naquelas paragens. O dito cujo era então conhecido como Biu do coqueiro, e sua casa era um ponto de referência para quem procurava alguém na localidade. O Biu, entretanto, não gostava da alcunha de Biu do coqueiro. Resolveu derrubar o coqueiro, mas deixou um bom pedaço fora do chão que até servia de assento aos passantes. A partir daí ele passou a ser conhecido como Biu do toco. Novamente incomodado com a nova alcunha, arrancou o que havia restado do coqueiro, e ficou lá o buraco. Daí em diante, passaram a chamá-lo de Biu do buraco, o que irritou ainda mais o nosso Biu. Foi aí que a coisa se complicou, porque ao mandar tapar o buraco, passou a ser conhecido como Seu Biu do buraco tapado. É assim que as coisas acontecem no interior, muito embora essas alcunhas, de um modo geral, não sejam pejorativas, mas apenas jocosas. Pra finalizar, você se lembra dos apelidos ou alcunhas que marcaram sua passagem nos diversos ambientes  pelos quais passou ? Cuidado quando se encontrar com ex-colegas de colégio ou faculdade, eles certamente não os esqueceram. 

terça-feira, 27 de novembro de 2007

CRISE DE IDENTIDADE




Junto ao corpo de um suicída, a polícia encontrou a seguinte carta:

"Sr. Delegado, não culpe a ninguém pela minha morte. Deixo esta vida hoje porque um dia a mais eu acabaria louco. Explico-lhe, Sr. Delegado: 

Tive a desgraça de casar-me com uma viúva a qual tinha uma filha (se soubesse não teria me casado). 

Meu pai, para maior desgraça, era viúvo, enamorou-se e casou com a filha da minha mulher. Resultou daí que minha mulher se tornou sogra de seu sogro, minha enteada ficou sendo minha mãe, meu pai era ao mesmo tempo o meu genro.

Algum tempo depois, minha filha trouxe ao mundo um menino, que veio a ser meu irmão. Com o decorrer do tempo minha mulher também deu a luz a um menino que, como irmão de minha mãe, era cunhado de meu pai e tio do seu filho, passando minha mulher a ser nora da sua própria filha.

Eu, Sr. Delegado, fiquei sendo pai da minha mãe,
tornando-me irmão do meu pai. Minha mulher ficou sendo
minha avó, já que é mãe da minha mãe e assim, acabei por
ser avô de mim mesmo. Eis a razão da minha atitude

Autor desconhecido

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

29 DE SETEMBRO DE 2006

Uma data para não ser esquecida por nós todos, aposentados e pensionistas da Fundação Banorte. Dia em que foi suspensa a intervenção que pesava sobre a nossa entidade, depois de 10 anos e três meses. Façamos uma reflexão sobre o fato e dirijamos a Deus o mais nobre sentimento do ser humano, a gratidão. Hoje estamos de parabéns, comemorando o primeiro ano sem os fantasmas que nos atordoavam até aquela data. Recife,
 29 de setembro de 2007
Antônio Costa Aposentado

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

MAL DO CALENDÁRIO



Usem esta expressão para designar as doenças e macacoas (doenças sem importância, especialmente enxaqueca e gripe ou resfriado sem gravidade; indisposição ) que nos acometem a partir da  faixa etária dos enta. É a partir daí que a máquina começa a dar sinais de que necessita de maiores cuidados com a prevenção. Para uns é a idade do Condor, para outros são as mazelas das artroses, bursites, alzheimer, parkinson, fibromialgias, alergias, diabetes, hipertensão, hérnias de disco, bicos de papagaio, pra não falar de males assustadores, como as várias formas de cânceres. A vantagem da expressão é que ela engloba todas essas encrencas da saúde sem precisar nomeá-las especificamente, nem apelidá-las de PVC ou DNA para justificá-las pelo avanço da idade. A palavra calendário origina-se do latim calendarium “livro de contas”depois “calendário”; deriva-se de calendae/kalendae,arum “calendas”, primeiro dia do mês romano, dia em que as “contas eram pagas”. Se hoje não é o dia em que se pagam as contas, pelo menos é o dia de grandes propósitos, tais como, deixar de fumar, deixar de beber, iniciar regime para emagrecer e outras promessas nunca cumpridas. Saibam que o calendário romano não é o único existente no mundo. A contagem do tempo para chineses, judeus e egípcios, por exemplo, é bem mais antiga do que a nossa. Seja qual for a sua preferência, fica a sugestão para  quando se referir às suas mazelas, sem a necessidade de mencionar a sua coleção de entas: Mal do calendário.

terça-feira, 3 de julho de 2007

PREGO BOM NÃO ENTORTA




Alguma vez na sua vida você sonhou em ser martelo? E prego! Está na cara que ser prego nunca foi vantagem pra ninguém e muito menos sonho de consumo. Há um provérbio que diz “ cabrito bom não berra ”. Não é o nosso caso, pois não chegamos a ir ao matadouro, mas ficamos na fila durante 10 anos. Este provérbio insinua ainda a ida ao matadouro sem protesto. Também não foi o nosso caso. Sempre demonstramos a nossa insatisfação com o “status quo” estabelecido; particularmente prefiro aquele que diante de uma situação impositiva disse “ concordo, mas a terra gira ”. Estamos nessa situação; fizemos o acordo, mas que perdemos, e muito, perdemos. Voltemos ao prego. Com certeza não entortaremos, apesar das últimas marteladas que recebemos.  E a nossa luta agora é, num primeiro momento, chamar a atenção dos nossos co-irmãos para a situação daqueles colegas, aposentados ou pensionistas, que recebem da Fundação um valor irrisório, menor que R$ 100,00. Onde está o nosso espírito de solidariedade? Que a Fundação tem suas regras todos nós sabemos. Mas é preciso encontrar uma solução para essa situação de penúria de alguns dos nossos colegas. Não se trata aqui de fazer caridade. Não, não é isso. Trata-se de praticarmos a solidariedade. E não adianta ser solidário somente em palavras. É preciso materializar essa solidariedade com gestos. Três sentimentos estão em jogo: a generosidade, a solidariedade e a gratidão.  A generosidade manifestada na disposição de ajudar; a solidariedade, no gesto de apoio às ações que se apresentarem e a gratidão, um dos sentimentos mais nobres do ser humano, ao agradecermos a Deus pelo que conseguimos e temos. Não importa o que somos e o que temos porque o bem maior, a vida, foi-nos dada de graça. 


quarta-feira, 2 de maio de 2007

ANALOGIA




No meu acervo de gravações em vídeo, tenho uma do filme “Morte e Vida Severina” - poema de João Cabral de Melo Neto . Ao assisti-lo mais uma vez, tive a impressão  de que em alguns momentos estava presente uma analogia grotesca com a nossa situação como participantes assistidos da Fundação Banorte, na pessoa da personagem principal, o retirante. A diferença mais marcante entre nós e o retirante é que ele sai de uma situação de miséria e sonho para um pesadelo e nós saímos de uma posição de pseudo-segurança para uma segurança mutilada. Lá no filme o retirante se depara com situações de extrema miséria e desilusão e nós percorremos também um longo caminho pavimentado de frustrações e quase desânimo. O retirante viveu no final  da sua saga a cruel dúvida do seu fim e o confronto com a realidade da vida; no nosso caso, o desfecho foi pífio, sem escolha e duvidoso. Resta-nos como consolo  penetrar nos meandros das malícias humanas e descobrir porque a botija do nosso ouro foi enterrada em terra conhecida mas não acessível. É patente que nos porões de algum lugar nós fomos vítimas, digamos, da lei do mais forte ou, quem sabe, daquele princípio existencialista que afirma o fim justificar os meios. O certo é que levamos um consentido chute no traseiro e ainda tripudiaram em cima da nossa impotente e circunstancial incapacidade de reação. A partir de agora, meus caros co-irmãos, a meta é iniciar uma segunda batalha com as armas possíveis para buscarmos os nossos direitos  junto aos responsáveis , seja lá quem for, por esse desfecho melancólico no qual, como no filme, fomos protagonistas e vítimas. Sobre promessas espontâneas e gratuitamente anunciadas, lamentamos o que ocorreu com os nossos valorosos e competentes ex-funcionários da  Fundação, vítimas circunstanciais de uma gangorra de promessas não cumpridas, incluindo-se aí a que foi feita ao último e competentíssimo interventor, o Dr. Nelson Prawucki. A eles a nossa gratidão pelo empenho que  sempre demonstraram  no trato das coisas da nossa Fundação. Quanto a nós, resta-nos a prática da esperança que jamais morrerá.