Durante as nossas vidas de casados, ocorrem diversas etapas com as quais convivemos. É o que acontece na caminhada de qualquer casal disposto a assumir o casamento de forma a levá-lo até o final da vida. É bom lembrar que são duas pessoas diferentes em tudo; duas individualidades que se aceitam e se respeitam mutuamente. A vida a dois, como é sabido, tem seus percalços como em qualquer relacionamento humano. Esses eventos, quer sejam de ordem afetiva, financeira, de saúde e até mesmo de desencontros ocasionais de opinião, na verdade são o sal necessário ao bom êxito da união conjugal. Na alegria e na tristeza, tudo fica mais fácil se a compreensão, o diálogo e as renúncias mútuas acontecerem como norma de vida. A convivência saudável deve ser a marca registrada de um casal feliz. A criação dos filhos, a administração da casa em todos os aspectos são ingredientes que favorecem um relacionamento maduro e duradouro. O casamento é uma das mais difíceis e importantes decisões da vida de uma pessoa, porque confronta muitas vezes personalidades com características diferentes, não só socialmente, como também culturalmente. Na última fase da vida, aparecem os males próprios da idade que podem causar surpresas que geram dor e sofrimento até o desenlace final. Refiro-me a doenças como o Mal de Parkinson e a demência senil, também conhecida como Mal de Alzheimer. Esta doença, o Mal de Alzheimer, provoca danos irreparáveis no paciente e seu cuidador. Digo isto por experiência própria, pois vivi e compartilhei as dores e sofrimentos da minha mulher Luzia , portadora de Alzheimer, vinte e quatro horas ao lado do seu leito durante cinco anos. Foi um período difícil das nossas vidas, mas honramos o compromisso assumido no altar, quando ouvimos do celebrante do nosso casamento que a responsabilidade que assumíamos naquele momento teria que ser vivida na alegria e na tristeza; na saúde e na doença até que a morte nos separasse. Não é fácil viver um casamento de mais de 54 anos, tendo sido os últimos cinco de sofrimento compartilhado e de renúncias como cuidador. Sabe-se que o Mal de Alzheimer é uma doença degenerativa, progressiva e incurável, agravada quando associada à diabetes, como foi o caso; ou seja, ela, na verdade, leva o paciente a uma situação tal de falta de defesas orgânicas que o seu óbito é causado por episódios de doenças oportunistas, como sepse e pneumonia; e foi o que ocorreu em 25 de outubro de 2015, com a minha mulher, às vésperas de completar 92 anos. Ser cuidador de portador do Mal de Alzheimer é uma experiência que deixa qualquer um numa situação angustiante, extremamente estressante diante do sofrimento intenso do paciente. Esta experiência é desafiadora, principalmente, quando esse cuidador é o próprio cônjuge. Só com muita fé em Deus é que é possível vencer-se essa etapa da vida. Aproveito a ocasião para Registrar o apoio recebido dos nossos familiares e a dedicação valiosa de Maria José Gomes (Zeza), minha Secretária do Lar; essas contribuições foram fundamentais durante o tratamento da doença de minha esposa Luzia. Outra colaboração de suma importância foi a da Sra. Marisa Lopes Falcão, Ministra da Eucaristia da Paróquia de Nossa Senhora Aparecida, no bairro do IPSEP, Recife, Pernambuco, que semanalmente, às sextas-feiras, visitava a nossa residência para trazer a eucaristia para Luzia; um conforto espiritual de relevante importância para as nossas vidas. Foi assim que, minha mulher e eu, compartilhamos uma dor a dois.
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