quarta-feira, 3 de agosto de 2011

COMPASSO DE ESPERA

Existe um aparelhinho importantíssimo na música chamado de metrônomo cuja função é regular o andamento daquilo que se compõe e que vai ser executado ou cantado pelos profissionais músicos e cantores. Na música tudo tem que estar no ritmo, ou seja, no andamento correto. E há até compasso de espera.

Que bom seria se nas atividades humanas existisse também um instrumento regulador das atividades e que nada ocorresse ou fosse aceito fora do ritmo. Acontece que as pessoas são dotadas de uma faculdade chamada de vontade que regula o quando e como elas vão decidir. 

Pois bem. Aí é que está o nó da nossa problemática. Somos dependentes da programação do judiciário. E ao contrário do que acontece na música, a nossa partitura só tem compassos de espera. Música mesmo é o que não acontece. Todos sabem e têm conhecimento de que a ação declaratória de sucessão do Banorte foi julgada em primeira instância em fins de maio, dando-nos ganho de causa. A Unibanco AIG Seguros S.A., sucessora da Banorte Seguradora S.A. e o Banco Bandeirantes S.A., entretanto, deram entrada a um recurso (Apelação Cível), o que é um direito deles, cujo processo  recebeu o nº 100608800 e o órgão julgador será a Sexta Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Pernambuco. A ação declaratória tem o n 9700625430.

Apesar do nosso grupo ser privilegiado no andamento de processos na justiça, a maioria é maior de 65 anos, este privilégio de precedência não tem sido levado em conta, por razões que desconhecemos, sejam elas burocráticas ou não. Enquanto isso, amargamos uma espera angustiante; um compasso de espera interminável. E haja espera.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

VAGABUNDOS E BASTARDOS

É o que somos. Vagabundos e bastardos. Depois de termos dado a nossa contribuição para o desenvolvimento do país, trabalhando durante toda uma vida e contribuindo mensalmente para a previdência social, não nos é dado o direito de uma aposentadoria tranqüila com a parca renda do INSS somada ao da nossa Fundação, porque aquilo que poupamos para complementar as nossas necessidades financeiras através da previdência privada fechada (Fundações) é objeto de bi-tributação pelo governo para cobrir a sua incompetência em não conseguir cobrar dos que têm mais, os sonegadores, os impostos que não chegam aos seus cofres. Tomar o dinheiro de indefesos aposentados é fácil, basta uma canetada, e tudo fica resolvido. Nada de incomodar as classes dominantes, prevalece a lei do menor esforço e o famoso provérbio “ a razão do mais forte é sempre a melhor” é posto em prática. O resto que se dane. Já pagamos imposto de renda em nossos contracheques, mensalmente. Agora, teremos os rendimentos do nosso patrimônio também tributado. O que é que é isso gente! Onde é que estamos! Na maioria  esmagadora dos países isso não acontece. Por que  no Brasil os menos favorecidos é que têm de financiar o governo? Por essas e outras é que, além de  sermos tratados como vagabundos, agora o somos como bastardos. Infelizmente, tinha razão o velho general De Gaule quando afirmou que isto aqui não é um país sério. Aliás, neste nosso Brasil, o que aposentado é mesmo é massa de manobra, na previdência social e agora, também, na previdência privada fechada, que a essa altura, não tem nada de privada, ou tem ! ?

quinta-feira, 28 de julho de 2011

POBRE E SEM VERGONHA DE SÊ-LO





Comecemos fazendo uma diferença entre “sem vergonha” e “sem-vergonha”. Claro que vamos nos ater à primeira expressão. Nas estatísticas de classes sociais é feita uma hierarquia com critérios metodológicos adotados em pesquisas, que resultam em rótulos; daí, pobres e miseráveis. O interessante disso é que de pronto relaciona-se pobre à fome, à falta de instrução e à marginalidade. São rótulos que a sociedade impõe de cima para baixo, desconhecendo e ultrajando essa grande parcela da população estigmatizada e alienada. A expressão “isso é coisa de pobre” é um deboche ofensivo tanto quanto é discriminatório. Ser taxado de pobre parece ser  o selo da infelicidade, da falta de sorte e da falta de brio, como se não houvesse honradez e virtudes na pobreza.
Os pobres deixam de comer para pagar os seus carnês; e como se esforçam para isso! Entre os pobres o sentimento de gratidão e a prática da partilha são uma de suas marcas registradas. O pobre que recebe uma cesta básica não pensa duas vezes antes de decidir reparti-la com o seu vizinho necessitado. A sociedade associa a pobreza à fome, mas não se toca quando acha que pobre só tem fome em época de Natal e que as doações de alimentos nessa época encobrem a sua hipocrisia. Gente, pobre tem fome nas 52 semanas do ano e não apenas pelo Natal. 
Ainda mais, pobre não tem vergonha de sua situação; na pobreza existe honradez, muita garra e criatividade. O pobre cultiva o respeito pelas pessoas; é grato aos seus benfeitores e manifesta de várias formas a sua alegria de viver. Portanto, “coisa de pobre” não merece deboche, merece respeito.