quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

REQUIEM PARA ROMILDO (Panegírico)



Requiescant in pace, (Descansem em paz) é o que diz o ritual católico na despedida dos mortos. É também o nosso sentimento e o nosso desejo em relação ao nossoR irmão Romildo. Entretanto, queremos dar ênfase aqui ao espírito de luta que Romildo adotou como conduta em relação aos seus companheiros na qualidade de mentor intelectual do projeto de criação da ANAB, juntamente com Tarciso Couceiro, projeto esse coroado de êxito na Assembléia Geral que formalizou a sua efetivação em março de 1994. Nos últimos tempos e como Presidente da ANAB no penúltimo triênio, isso mais uma vez se confirmou ao se revelar aquele líder incansável na defesa dos direitos de aposentados e pensionistas da nossa Fundação, buscando junto ao Unibanco, juntamente com o então interventor,  o atual Presidente da ANAB e uma comissão representativa dos nossos colegas, uma solução para as nossas pendências . Por certo, uma das suas grandes alegrias foi o fato de ter participado  e constatado o grande final do acordo que pôs fim à intervenção na Fundação Banorte. Daí a nossa dívida de gratidão para com Romildo, a quem se aplica bem uma afirmativa do apóstolo Paulo, “ combati o bom combate “. De fato, Romildo combateu o bom combate e nisso reside o seu grande mérito; pena que ele não teve como  participar das comemorações e do regozijo de todos nós. A Romildo, pois, a comenda representativa de todos os seus méritos.

sexta-feira, 20 de outubro de 2006

SONHOS CASTRADOS




A ANAB criada em abril de  1994, completará no próximo ano 3 lustros  de existência. Estamos na quinta diretoria, com mandatos de 3 anos. Durante esse tempo tivemos como presidentes os co-irmãos Dácio Rossiter, João Vicente Torres, Romildo Andrade, de saudosa memória e Isaltino Bezerra, atual. Durante todos esses anos fizemos as nossas reuniões no BAC, no Clube Alemão, na ABB e finalmente nas dependências do Círculo Militar do Recife. De abril de 1994 até junho de 1996, vivemos os nossos sonhos de aposentados tranqüilos quanto ao nosso futuro e de nossas famílias, graças à cobertura que tínhamos da nossa Fundação Banorte, que nos garantia a estabilidade financeira.

A partir de junho de 1996, quando foi solicitada à SPC, Secretaria de Previdência Complementar, a intervenção em nossa Fundação, iniciou-se o período sombrio que pairou sobre a BFS; foram 10 anos de muita expectativa, de muita angústia e quase desesperança . Finalmente, em 29 de setembro de 2006, a intervenção foi suspensa e passamos a ter o período de estabilidade de que desfrutamos hoje, apesar das renúncias que tivemos de fazer.

Registramos nesta oportunidade os desafios que nos foram impostos, a garra das nossas diretorias executivas na defesa dos nossos direitos. Gastamos muita tinta e papel através do nosso informativo, através do qual manifestamos as nossas inquietações e a esperança de solução para a então situação que vivíamos.

Esta nossa rápida retrospectiva é uma introdução para os comentários que faremos a seguir. Destacamos o nosso comportamento nas três fases que vivemos, inclusive a atual.  Nas duas primeiras, ou seja, antes e depois da intervenção, tivemos comportamentos diversos. Na primeira vivemos o sonho que nos era oferecido a partir da data das nossas aposentadorias; na segunda,  os sonhos passaram a representar pesadelos. Na terceira fase, a que vivemos no momento, esses pesadelos se transformaram em sonhos castrados, conforme registrado no introdutório desta crônica. 

Sobre tudo isso que falamos, vamos nos restringir ao momento atual vivido pela ANAB. Somos 338 associados contribuintes. Desses, 187 residem na Região Metropolitana de Recife. Nos tempos conturbados tínhamos uma freqüência media de 50 associados, 26% (aposentados e pensionistas) às nossas reuniões, atraídos pelo desenrolar dos acontecimentos que envolviam a nossa Fundação. Após 29 de setembro de 2006, o comparecimento às nossas reuniões tem diminuído consideravelmente, com prejuízo acentuado para a nossa convivência tão necessária para a união e congraçamento das pessoas. A nossa última reunião, no mês de março último, teve o comparecimento de menos de 25 associados, 11% dos residentes na RMR. Após a abertura dos trabalhos foi lida a lista de aniversariantes do mês e servido o almoço e nada mais aconteceu ou mereceu ser notícia. Passados 18 meses desde a suspensão da intervenção na Fundação, ainda não aprendemos a mudar o foco das nossas confraternizações mensais. A impressão que temos é a de que as nossas reuniões nunca tiveram o objetivo de juntar as pessoas para um congraçamento.

Muito a contragosto vamos levantar algumas questões que precisam ser valorizadas entre nós. Por exemplo: na diretoria executiva da ANAB temos uma diretoria de benefícios, inoperante em todos os sentidos. De um modo geral, ignoramos as situações melindrosas de saúde porque passam alguns dos nossos associados, assistidos por hospital residência em suas próprias casas, já por alguns anos, (os casos de Geraldo Guedes e Marcelo Martins) ou internados em clínica de repouso,  e mais os que não têm condições de locomoção pelas precárias condições de saúde em que estão vivendo (cito os casos de Ivanildo Souto e Arnaldo Machado de que tenho conhecimento). Bem que a ANAB poderia patrocinar visitas a esses associados, utilizando-se do critério de convivência que alguns associados tiveram com essas pessoas no ambiente de trabalho. É uma sugestão que poderia ser coordenada pela Diretoria de benefícios da ANAB. A única vez que uma visita dessas foi feita, já faz alguns anos, foi quando, por iniciativa de Arlete, então Diretora de Benefícios, acompanhada de Ilza e deste colunista, visitamos a nossa ex-colega Doracy em sua residência na Várzea, numa situação em que não mais se locomovia. Não temos notícia de outra atitude semelhante com patrocínio da ANAB. Perguntamos, onde reside o nosso espírito de solidariedade? Acreditamos que uma visita a colegas em situação de enfermidade ou impossibilidade de locomoção vale mais pelo conforto que se leva a essas pessoas do que pelo mérito de quem as visita que também não é pequeno.

Para movimentar o grupo sugerimos, por exemplo, que a ANAB instituísse um concurso literário, por exemplo. Os três primeiros lugares seriam premiados conforme regulamento que se estabelecesse e o primeiro colocado, por acréscimo, teria o trabalho publicado no Jornal ANAB. Isso seria muito bom porque seria um instrumento de integração com os aposentados residentes fora da Região Metropolitana do Recife, o que não existiu até hoje.

Uma outra atitude que a ANAB poderia tomar é a de mensalmente, através de e-mail (aposentadosbanorte@grupos.com.br) ou de correspondência impressa, cumprimentar os seus associados contribuintes com uma mensagem de aniversário. Se temos os dados, porque não fazer? Quem é que não fica satisfeito ao receber uma mensagem por ocasião do seu aniversário? Seria mais um elo de integração. Afinal os associados fazem a sua contribuição mensal à ANAB e a única contrapartida que lhes é dirigida são as poucas edições do nosso Informativo. Onde está a nossa integração com esses associados?

Esperamos que desses comentários possam surgir algumas iniciativas construtivas que tenham como finalidade a integração do nosso grupo no contexto atual, paralelamente ao nosso vínculo com a Fundação Banorte. A nossa intenção é fazer com que saiamos da mesmice das nossas reuniões mensais, partindo para iniciativas concretas que possam proporcionar aos associados o início de uma fase de integração efetiva. Aliás, antes da suspensão da intervenção falou-se em transformar a ANAB numa entidade com outro perfil, assunto que não mais foi lembrado.

No fundo, no fundo, tememos pela continuidade da existência da nossa ANAB, se alguma iniciativa não for tomada a curto prazo.





quarta-feira, 20 de setembro de 2006

A ESTRELA E A CRUZ




Houve sempre uma preocupação das pessoas em usar símbolos para indicar começo e fim . Um exemplo clássico é o alfa e ômega. Vamos nos deter na estrela e na cruz, mesmo porque é um simbolismo muito ligado à nossa existência. Quanto à estrela, não importa que ela seja de Davi, Dalva, do mar, Cadente, matutina ou vespertina, polar e tantas outras. Uns nascem com ela na testa, outros nem tanto. Para uns é posto, para outros é símbolo de qualidade, e por aí vai. A cruz também tem seu simbolismo; é de Cristo, de Lorena, é vermelha, é salvação, é fardo, é sofrimento. Ambas, estrela e cruz também indicam começo e fim. Quando nascemos o simbolismo é a estrela, quando morremos é a cruz. É assim nas lousas dos campos santos ou cemitérios, como queiram. Para muitos, estrela  incomoda porque seu olhar é vesgo e não aceitam brilho maior do que o seu, muito embora o brilho do sol  não resista ao cobertor das nuvens. Temos que aprender a olhar com o coração para enxergar a alma das pessoas. A cruz nem sempre é sinal de sofrimento, pode também marcar felicidade como na testa e no peito dos catecúmenos ou na ratificação do casamento unindo os noivos. Que cada um cuide da sua estrela sem, no entanto, ofuscar os outros e a sua cruz se tornará mais leve. Estrela e cruz, princípio e fim, disso não escaparemos, porque estes dois símbolos um dia atestarão a nossa fragilidade na sentença final rumo ao pó.

PRAGA DE CORUJA




Um provérbio popular diz que  “ urubu quando está de azar, o de baixo suja o de cima”. Eu sempre soube que a vida é um dom de Deus, e que a ele pertence. Acredito piamente nisso. Acredito também, por conseqüência, que ninguém tem o direito de dispor da sua vida ou da de outrem ao ponto acabar com ela. Se alguém discorda  dessas afirmativas tem todo o meu respeito. Dito isto, não posso aceitar que algum astrólogo limite a minha vida ao longo do tempo. Seria desafiar a providência  de Deus. Foi publicado num jornal de grande circulação dessa nossa cidade do Recife que nós participantes da Fundação Banorte estaremos todos mortos dentro de 18 anos. Isso mesmo, dezoito anos. Não sei se entenda essa afirmação como gozação ou como mau agouro. Como gozação é piada de mau gosto; como praga de coruja, não acredito em superstição. Fico pensando na situação daqueles que estarão vivos nas vésperas de se completarem os 18 anos. Coitados, terão que encomendar os seus sepultamentos à vista porque estando mortos naquela data nenhuma funerária vai lhes conceder prazo para pagamento. Como piadas só fazem rir, temos todo direito de gargalhar e desejar outra profissão para os astrólogos. Só faltava essa!

sexta-feira, 18 de agosto de 2006

INTERVIR E LIQUIDAR



Estas duas palavras que tanto nos assustaram durante 10 anos, cairão em desuso no nosso vocabulário daqui a algumas semanas, conforme nos indica o andar da carruagem. Só para ilustrar esta nossa crônica, vamos ao dicionário : intervir , na sua origem latina (intervenio) significa estar entre, sobrevir, assistir, entremeter-se, ingerir-se, meter-se de permeio, embaraçar-se e impedir  e  Liquidar  ( Lat.: liquidare) significa fazer acerto de contas. Pelo que sabemos, e como tivemos diversos agentes delegados pela Secretaria de Previdência Complementar - SPC do Ministério da Previdência e Assistência Social - MPAS à frente da nossa Fundação, não dá para enquadrá-los todos em um único  significado da palavra intervenção (intervir), por motivos óbvios. Quanto à palavra liquidação (liquidar) podemos, sem susto,  esquecê-la.

O passado tem seu valor histórico, mas não é o que nos interessa no momento. Daqui para  frente, passaremos a viver a tranqüilidade almejada, com a certeza de que o soldo da nossa sobrevivência e das nossas famílias  estará garantido. A única lição a ser considerada é a de que tudo que estamos conseguindo é fruto da nossa união e da dedicação de um grupo de pessoas que não mediu esforços em colaborar para o êxito do acordo que está sendo finalizado. Para esses colegas invocamos o sentimento mais  nobre do ser humano, a gratidão. De agora em diante, a nossa palavra de ordem será união. Depois da colheita a terra recebe tratamento para adequação ao novo plantio. Conosco não será diferente. Por certo teremos projetos a estudar e lutar pela sua realização. E, para que isso se torne realidade, será necessária a continuidade da união do nosso grupo, como aconteceu nesses últimos meses. Unidos preservaremos não só as nossas amizades, mas também a conjugação de esforços necessária às próximas realizações do grupo. União e coragem seja o nosso lema. Lembrem-se que coragem é uma palavra de muita força pois é a união do coração com a ação ( cor = coração; agem (agir, ação) ) . É com essa disposição que deveremos encarar essa nova fase da nossa Fundação.

quinta-feira, 29 de junho de 2006

ATITUDE



Conheço um cidadão que, quando criança, o seu maior desejo era conhecer uma plantação de amendoim para subir na arvore. Qual não foi a sua surpresa quando já adulto se deparou com a tal planta, rasteira e com apenas alguns centímetros de altura. Foi uma grande decepção.

Refiro-me a este fato para dizer que o tamanho da queda pode ser do tamanho do sonho, o que naturalmente não é bom para ninguém. As nossas expectativas devem sempre estar em um nível de coerência, sem arroubos ou ansiedades desmedidas que poderiam levar-nos a situações de desespero. As ocorrências desses dez anos de espera sinalizam para desfechos imprevisíveis, razão por que a sensatez e a cautela devem estar sempre presentes, regendo as nossas expectativas. Faz dez anos que estamos olhando para o horizonte das nossas esperanças sem avistarmos sequer a sombra de um barco salva-vidas. Afirmar que estamos cansados não é verdade. Cansaço gera desânimo, acomodação, indiferença. Não. Não podemos cultivar a planta da desesperança sob pena de sermos vítimas das conseqüências nefastas desse comportamento. Temos que acreditar que não terá sido em vão tanta demora na solução definitiva desta verdadeira saga heróica. 

Que essa demora é orquestrada todos nós sabemos. Que há um jogo de interesses em tudo isso, sabemos e de sobra. Que paciência tem limite, é o obvio. O que é que falta, então? Atitude é o nome. Já esperamos demais. Está na hora de partirmos para a utilização dos recursos jurídicos cabíveis para que os nossos direitos sejam respeitados. Deixemos de lado a miopia dos indecisos; a falta de coragem dos pusilânimes; a indolência ou falta de ânimo dos acomodados. Não se trata de tudo ou nada. Essa não é a questão. O que está em jogo é a nossa sobrevivência e a das nossas famílias. A fonte está secando; queremos em nossas mãos tudo o que nos é devido e que se encontra represado e bloqueado. Estamos a jusante ( para o lado em que vaza a maré, ou um curso de água) do que é nosso inquestionavelmente. O que falta  é a abertura das comportas da boa vontade e do entendimento.

A FOME E A VONTADE DE COMER


A quem está com fome, não se pergunta o que quer comer, oferece-se simplesmente a comida. Verdade? Verdade. Nem precisa dizer que dificilmente a comida oferecida é aquela que o faminto gostaria de comer.  Pois bem, é o que aconteceu conosco. Estávamos famintos há dez anos e foi-nos oferecido o prato. Indigesto, nem tanto. Palatável, nem tanto, também. Aceito, sim, por força das circunstâncias. Assim é a vida. Indiretamente estamos sendo vítimas dos fracassos de outros. Fomos vítimas de erros que não cometemos. Pelo contrário, a nossa parte foi cumprida religiosamente. Temos a quem nos queixar ? Isso já fizemos através da justiça. E o resultado?  Bem! Dizem que a justiça é cega; cega não , ela é míope e vesga ao mesmo tempo. Basta dar uma olhadela nas nossas ações que lá se encontram. Valem mais interesses duvidosos do que o espírito de justiça. Na verdade, esta é a nossa hora e a nossa vez; Não temos porque desperdiçá-la. Agarremo-la com firmeza. Teremos, assim, a certeza de que os nossos benefícios estarão garantidos enquanto vivos. As nossas famílias dirão amém. Fiquemos, entretanto,  de olhos bem abertos, para que, uma vez regularizada a situação da nossa Fundação, não sejamos novamente vítimas de  armadilhas adredemente (de caso pensado) preparadas contra o nosso grupo. A sabedoria popular nos ensina que “gato escaldado d’água fria tem medo”. Quanto a boas intenções, acreditar não faz mal, mas estar sempre prevenido e em alerta deve ser um dos nossos propósitos. Outra coisa, o fato de não termos uma ouvidoria não nos exime da responsabilidade de ouvir os colegas que necessitem de esclarecimentos, evitando dessa forma a divulgação de notícias inverídicas ou tendenciosas. Aos colegas que nos representam nesta saga, a nossa gratidão e a certeza de que contarão sempre com a nossa confiança incondicional.

terça-feira, 20 de junho de 2006

PALETÓ E GRAVATA



No dia 28 de setembro passado, recebi uma recomendação para comparecer à Fundação, no dia seguinte, 29, para sessão de posse da Diretoria Provisória da nossa Fundação que, naquela data, voltava à normalidade, com a suspensão de uma intervenção de 10 anos, 3 meses e 15 dias, calculados pelo nosso Presidente Isaltino Bezerra. O inusitado da recomendação era o fato de  comparecer de paletó e gravata. Não me fiz de rogado, e lá estava eu devidamente uniformizado. O nosso presidente Isaltino disse bem e bem dito que aquele momento se constituía num marco histórico  na existência da nossa Fundação. E foi mesmo. Lá estavam companheiros indicados e empossados nos cargos para os quais foram designados. Foi realmente um evento de muita importância para todos nós que dependemos da nossa renda mensal recebida da Fundação para a manutenção das nossas famílias. Dada a importância do fato, e utilizando os modestos meios de que disponho, até gravei um DVD e fotos de tudo que aconteceu naquela sessão histórica. Terminados os trabalhos, de lá saí convencido de que agora podemos dizer que os nossos benefícios estão garantidos até o final dos nossos dias. Com isso, aposentados e pensionistas da nossa Fundação , de agora em diante, poderão respirar aliviados, pois a nossa entidade volta à normalidade de forma definitiva. Acabou a angústia: acabou a incerteza; acabou o temor do pior; realizou-se a esperança. Agradeçamos a Deus por tudo. Quanto ao paletó e a gravata não liguem para o que eu disse.

sábado, 22 de abril de 2006

A ÚLTIMA PÁGINA




Comecei esta crônica pensando como seria o seu título. Araruta..., Será...!, Taí...!, Oxente !, e muitos outros. Claro que o título deve se harmonizar com o conteúdo. De repente abandonei todos e me fixei no escolhido. “A última página”. Sabem por que? Vejam só; durante estes 10 anos muito se falou e discutiu sobre o destino final da nossa Fundação, não é verdade? Pois bem, temos afinal uma solução para todas aquelas querelas. O longo segundo capítulo escrito ao longo de dez anos chegou ao fim. Como sabem, o primeiro encerrou-se com a decretação da intervenção. Estamos iniciando o terceiro capítulo que esperamos encerre a trama no formato previsto quando da instalação da nossa Fundação. De agora até a última página, tudo deve acontecer como previsto no primeiro capítulo. As incertezas, as dúvidas, as assombrações, os vexames, as rasteiras, os maus administradores, tudo isso é passado; faz parte da memória morta da nossa história. Interessante, idoso não tem como fazer contagem regressiva, a contagem do tempo é sempre mais um, até que um  dia ... . Só mais uma coisinha. Sempre observei que em revistas e outras publicações, a última página contém quase sempre humorismo, palavras cruzadas, jogos de memória,  piadas sem legenda e outras amenidades, como se faltasse assunto, como se houvesse cansaço, necessidade de relaxar. No nosso caso não será assim. Diferentemente também dos folhetins novelescos, onde tudo termina na maior correria, a última pagina da nossa história terá o fim que todos esperamos. A última página só terá um leitor que ao terminar a sua leitura viajará para a dimensão dos eleitos por Deus. Dessa forma, a nossa Fundação terá cumprido o seu papel. Assim será.






quinta-feira, 6 de abril de 2006

ALFORRIA


Nas competições esportivas, muitas vezes o quarto lugar equivale à medalha de ouro. Isto acontece porque a performance do atleta que cresce a cada competição, de repente, dá um salto de qualidade e a valorização de sua posição na competição atinge um índice inesperado. Não é que estávamos numa competição, pois tratava-se de uma querela por direitos adquiridos. Essa é a posição que obtivemos com o acordo que está sendo firmado com o Unibanco. Depois do massacre de 10 anos chegou-se a um consenso que, embora não traduzindo os anseios do grupo, ameniza a situação de angústia em que vivíamos e afasta da nossa Fundação o estigma da liquidação. De agora em diante, afastadas as incertezas, cada um estará ciente do que disporá para administrar o restante dos seus dias. Saímos da escravidão das dúvidas para a liberdade do definido; Por traz de tudo isso, fica a lição de sabedoria com que vamos encarar essa nova realidade. O que está em jogo, agora, não é o fato de se concordar ou não com o convencionado, não, não é isso. Muito mais importante é termos a certeza de que com esse acordo a nossa Fundação continuará a existir até o falecimento do último dos seus participantes, aposentados e pensionistas. Não aceitar o acordo significará a morte da nossa Fundação e a falência das nossas condições financeiras para a manutenção das nossas famílias. O nosso instinto de sobrevivência aponta para a solução mais inteligente que é a que proporcionará a continuidade da nossa Fundação. A Fundação somos nós; a Fundação é nossa; a Fundação existe porque concordamos com sua criação mantendo-a, de nossa parte, através dos nossos contracheques de trabalhadores ativos. Não vai ser agora que vamos renegá-la não concordando com o que foi negociado. A sobrevivência do grupo é mais importante do que os interesses individuais. Egoísmo não rima com sabedoria. Na verdade, estamos sendo alforriados. 


terça-feira, 17 de janeiro de 2006

CALOTE PROGRAMADO



Os nossos dicionaristas definem calote como sendo dívida contraída sem intenção de pagá-la. Na prática, esta definição tem também outra conotação. O devedor que não contraiu a dívida nessa acepção resolve não pagá-la ou barganhar o seu pagamento. Nas duas hipóteses, a parte que fica em  pior situação é a do credor. Este comentário é válido tanto para pequenas dívidas, de garantias orais entre pessoas, entre colegas às vezes, como para compromissos assumidos e documentados por devedores de grandes corporações. Isto é mais grave quando se trata de uma massa de credores, entre os quais muitos passam por situações vexatórias, difíceis economicamente devido às responsabilidades que têm perante os seus familiares. É triste, é injusto, é desumano, é deprimente. Infelizmente, como definiu  alguém, a razão do mais forte é sempre a melhor. Por mais que se queira dizer que não é bem assim, o que mais se vê  é a injustiça, pois quem tem dinheiro é quem tem poder e as duas coisas juntas esmagam os mais fracos. O nosso clamor é por justiça e justiça é o que menos temos visto. Protelam-se ações nos tribunais como forma de aniquilamento e destruição das causas dos menos favorecidos. Estes mesmos menos favorecidos são castigados apesar de terem cumprido a sua parte nos contratos, estatutos e regulamentos. Pagamos com o nosso suor as nossas obrigações através dos nossos contracheques e levamos um chute no traseiro, vítimas das maquinações dos poderosos. É triste e humilhante viver de pires na mão mendigando o que nos é devido por direito e ainda aturar a indiferença e as propostas indecorosas ou indecentes  daqueles que são os responsáveis por essa situação de descalabro. Se a intenção é liquidar o grupo colecionando baixas, grande número de participantes da nossa Fundação já não se encontra entre nós, sem que lhes tenha sido dado a oportunidade de viver a esperança de dias melhores, ou talvez possamos considerá-los felizes por terem sido poupados dessa tortura. Êta mundinho perverso!